domingo, 18 de março de 2012

Untitle

Será mesmo que o amor é maior que a vida e a morte? Queria poder acreditar que isso é totalmente verdade, mas admito que me traria sim algum tipo de alivio poder acreditar que isso é totalmente mentira. Odeio toda essa dicotomia. A bem da verdade acho que o ideal seria dizer “tricotomia”, mas não tenho bem certeza se essa palavra existe; AMOR, VIDA, MORTE, três coisas tão distintas, mas que são corriqueiramente ligadas, às vezes um nasce e indistintamente dá vida ao outro, às vezes um morre para o outro nascer, às vezes um morre para o outro viver, às vezes todos eles morrem juntos (e esses tais sentimentos são coisas complicadas mesmo)… Frases clichês, de nada adiantam, principalmente agora, em plena aula de direito civil, onde o professor destrincha recurso disso, recurso daquilo…, aula de direito em que eu me reservo o direito de filosofar, sobre o amor, sobre a vida e a morte, sobre um milhão de outras coisas, mas principalmente sobre saudade [...] Saudade, eita palavrinha boa, só poderia ser daqui mesmo... É claro que bem sei que efetivamente até então, não estava falando de saudade, mas não estou fugindo, nem do tema, nem de mim mesmo [...] mas — ao menos pra mim — não tem possibilidade de falar de amor e de vida sem essencialmente falar, e sobretudo pensar, em saudade, palavra que nós brasileiros utilizamos para tentar explicar o inexplicável, aquele aperto no peito, aquele nó na garganta, aquele turbilhão de coisas que sentimos e que nem sabemos ao certo o que é. Saudade, ainda agora você me invade o peito, e o pior de tudo é que nem mesmo eu sei o real motivo desse sentimento. Saudade de quê? Saudade de quem? Talvez saudade de tudo um pouco, ou de nada realmente concreto, de um cheiro quase esquecido, de um riso que ainda ecoa na memória, saudade de ontem (e já que é pra filosofar, o ontem pode ter diversos sentidos, o literal, o conotativo, o antropológico [nossa, tantas pessoas que por aqui passaram], o transcendental [foram tantos outros ontens, incluindo os reais, mas principalmente os imaginários, os que eu mesmo preferi inventar], e todos eles de uma única vez), saudade de agora mesmo, inclusive do que não aconteceu… Saudade, são tantas, e porquê não Saudades? No plural. Ou ainda Saudosissímo, no superlativo, só pra intensificar (se é que isso é possível, saudade por si só já é forte de mais). Saudade, palavra eternamente ligada ao verbo sentir: eu sinto, tu sentes, eles sentem, TODOS sentem: saudades (e como diz uma canção que eu tanto gosto: “sentir pode doer”[...] e como sei disso[...]), e caso me permitem uma outra mudança, podemos sem prejuízo do sentir associá-la à outro verbo: QUERER, afinal, só sentimos saudade do que queremos de volta. Não sei se todas essas coisas fazem sentido, na verdade, não tenho bem certeza se alguma delas faz, mas se tem uma coisa que aprendi nessa vida, é que as coisas que realmente existem, via de regra, não fazem sentido algum.

Rory Rufino

Nenhum comentário:

Postar um comentário