É tão difícil, falar de mim, escrever então, pior ainda. Admito que evitei ao máximo escrever sobre esse tema, mas parece que existem algumas coisas que são inevitáveis, e já que cultivo esse hábito de escrever, mais ou menos dia eu iria sim me deparar com esse tema, e parece que agora já não da tempo de fugir. Já faz algumas horas que estou olhando pra essa tela, digitando e apagando, tudo que eu digo parece não ser muito real, ou será que é assustadoramente real? [...] Posto isso é melhor começar de uma única vez, e agora sem direito à apagar (rs) [...] Bom; a maior parte das pessoas me enxerga como uma pessoa feliz, alegre, totalmente solar e de bem com a vida. Mais eu confesso que não sou assim, me vejo como uma pessoa triste, melancólica, quase depressiva. Confesso que me reconheço e me acolho na tristeza e na solidão.
Muitas pessoas me vêem como uma pessoa muito inteligente, mas isso também é mentira, é claro que tenho uma gama enorme de informações e de coisas que realmente sei fazer e fazer bem (modéstia à parte). Mas confesso que “finjo” ser bem mais inteligente do que realmente sou, é tudo pose. Eu insisto em complicar as coisas mais simples da vida. Na minha ânsia por ser e parecer ser inteligente, crio um milhão de teorias (a maioria delas de conspiração), de formulas, e de afins que teimam em me desobedecer e dar errado.
Me vêem como um crítico de música, cinema e artes em geral, quisera eu poder corresponder à cada uma dessas expectativas. Nossa; agora me dou conta de que é bem mais fácil dizer e identificar àquilo que não sou do que sou.
SOU UMA FRAUDE!
Não sei o motivo, mas percebo que as pessoas vêem em mim uma pessoa que não existe, não sei se bem isso, mas ao menos uma pessoa que não sou eu.
Eu sou um menino de 21 anos, que em muitos momentos age como se tivesse 10. Confesso que sou um pouquinho, só um pouquinho mimado e infantil. Um menino que gosta de muitas coisas boas e caras (mesmo sem possuir todas), mas que se encanta com coisas bem simples, como os enfeites de natal. Um garoto que ama ler, e lê os grandes nomes da literatura: Shakespeare, Lispector, Schopenhauer, Victor Hugo, Martha Medeiros e é claro Antonie de Sain’t Exupery (o “É CLARO” se explica, porque quem realmente me conhece sabe que sou alucinado pelo pequeno príncipe, tudo bem eu confesso, minha ligação com ele é um pouco mais forte, às vezes tenho plena certeza de que esse livro foi escrito especial e unicamente pra mim, me sinto como se fosse o próprio principezinho que vai viver para reencontrar a sua rosa, pode ser loucura, eu sei, mas como sonhar ainda não paga imposto, me deixem com os meus devaneios). E que ao contrário do que muitas pessoas pensam, lê cada um desses livros não para parecer mais culto, instruído, ou mais qualquer outra coisa que seja, que só lê cada um desses livros porque consegue se reconhecer, que consegue se encontrar em cada uma daquelas palavras, em cada uma daquelas metáforas. [...] Sou um garoto que gosta de música e que contrariando grandes referências em toda a escala de vendas ou de crítica prefere ouvir Sandy do que Beatles, e que defende com todas as forças e argumentos (sejam eles reais ou imaginários), que a garota aparentemente simples de Campinas é infinitamente superior aos garotos de Liverpool, talvez para muitos isso seja loucura, mas quem aqui é totalmente são? [...] Sou um menino tímido que até fala em público, mas que quando menos se espera fica com as bochechas vermelhas, sem graça e sem saber o que fazer. [...] Sou cristão (Graças a Deus), mas que ao contrário dos meus irmãos protestantes, prefere falar (se for pra falar de Cristo) do evangelho do amor, do que apontar o meu dedo na cara de quem quer que seja pra mostrar o caminho mais rápido para o inferno; não me entendam mal, acredito sim que a salvação vêm pelas obras, mas sei que não cabe a mim dizer que obras são essas, não posso e nem mesmo quero restringir a entrada de ninguém no céu, me firmo nessa palavra: PORQUE O AMOR APAGA TODAS AS TRANSGRESSÕES, na minha visão sabe o que isso significa, eu explico: não importa o tamanho da problema que você se meteu, o meu Deus têm sim, um caminho e uma solução pra você, ele quer reescrever a sua história sem te cobrar nada, tudo isso sabe por quê, por que ele te ama. Simples assim. [...] Muitas pessoas, principalmente umas bem próximas me apontam como frio, calculista e sem coração, mas talvez essa seja a maior de todas as mentiras à meu respeito, mentira essa com certeza alimentada por mim; sempre fiz questão de me apresentar com uma posição lógica e racional sobre qualquer questão que eles apresentassem, as lágrimas foram raras, e possivelmente na opinião de deles inexistentes, me lembro de ter chorado pouquíssimas vezes na frente dos meus amigos e familiares, minha irmã algumas vezes chega a me perguntar se eu tenho um coração, e eu, só pra provocar dizia: coração? Isso é de comer? Mas na verdade não é nada disso, totalmente o contrário, esse coração é mole, e ultimamente tem se derretido e se derramado por qualquer motivo, mas ainda tenho me controlado o suficiente para só chorar na cama, que como diz o velho ditado: é lugar quente... Se antes eu acreditava que era forte e frio, esses últimos meses me fizeram admitir pra EU MESMO que sou o maior de todos os chorões; sou uma pessoa do bem (e não só do meu bem, como sempre faço questão de dizer) e que torce pelo sucesso de todas as pessoas, TODAS mesmo, não consigo desejar o mal de ninguém, nem mesmo das pessoas que sei que não me querem tão bem assim. Sou um menino romântico, que acredita em amor à primeira vista e em finais felizes, que adora ler histórias de amor, principalmente àquelas impossíveis, como, Tristão e Isolda, Romeu e Julieta, me apego numa antiga frase de Shakespeare que diz que as verdadeiras histórias de amor são as que não acontecem, e por me reconhecer na tristeza gosta de histórias de amor recíproco-infeliz, pode ser difícil de explicar, mas é fácil de entender (ao menos eu acho). [...] Sou alguém que não consegue conversar à vontade com alguém que não conhece, e isso é realmente estranho eu reconheço, mas é assim que sou. Não gosto muito de animais e costumo brincar que têm dias que não gosto nem mesmo de gente [...] Contrariando mais uma vez as aparências sou um menino doce (ao menos por dentro), que sente medo de muitas coisas (inclusive do escuro), e que literalmente trava quando alguém grita comigo, quando isso acontece me sinto como nesses desenhos que um dos personagens vai diminuindo (eu) enquanto o outro aumenta e grita (rs). Sou um menino que ama ver e comprar filmes (devo ter uns duzentos), vejo sim muitos filmes cabeças, tipo documentários, filmes épicos, filmes históricos, filmes franceses e alemães (sinônimos de chatice pra alguns amigos, né Best?), mas que prefere indistintamente um bom “bobeirol americano”, adoro ver clichês, filmes adolescentes ditos por muitos “idiotas”, mas confesso que tenho um pouco, ou um muito de cada um deles aqui dentro de mim, afinal de contas, quem é que resiste à um clichê? Eu não, minha alma e eu precisamos disso [...] Sou um menino que não pensa realmente em ter filhos, e por isso mesmo é chamado de doido por alguns amigos, mas fazer o que, ter filhos só pra manter o padrão de normalidade da sociedade (mais do que qualquer outra coisa, sou alguém que simplesmente não consegue entender a definição da palavra “normal”, normal pra quem, qual é o padrão dessa dita normalidade, se alguém souber por favor me diga), não, eu não sou assim, eu até gosto das crianças acho fofinho e coisa e tal, mas parece que não tenho o tal gene da paternidade dentro de mim, talvez o tempo faça ele nascer, ou talvez não faça, mas por enquanto desculpem, mas nada de filhos aqui ok? [...] Sou um menino que na maior parte do tempo olha pro horizonte com um olhar perdido imaginando onde estou, porque sei exatamente onde quero ir, mas não faço a menor idéia de como fazer pra chegar e permanecer lá, e citando uma boa propaganda: e quando chegar será que o LÁ, ainda estará lá? Como você percebe sou alguém que ama frases prontas e de impacto, consigo guardar sempre uma grande gama delas junto de mim, adoro perguntas retóricas, perguntas essas que não possuem uma resposta certa tampouco desejada.
Me considero uma pessoa simplesmente complexa (eu não resisti a piada), que não consegue sintetizar as coisa, sou melhor em analisar, em dizer, desdizer, redizer e ao mesmo tempo não dizer coisa alguma; prefiro não fazer com que nada seja ou fique estático, parado, morto. Responder não é muito a minha praia, prefiro que cada um tire suas conclusões inclusive sobre mim, afinal de contas eu sou uma pessoa, e não um balancete, desses onde encontramos os prós e os contras do produto, sou (e todos são ) muito mais, sou humano, e quem quiser gostar (ou não gostar) de mim vai ter de levar o pacote inteiro, não podendo escolher no Buffet daquilo que quer se servir.
Sou tudo isso que disse, e mais ainda do que não disse, por mais que escrevesse mil páginas não poderia dizer com precisão quem sou, sei que falta, quando eu finalmente conseguir terminar de descobrir prometo que volto e completo, ou retiro (se for o caso), as coisa aqui descritas, mas por enquanto é isso que sou, e se ainda assim você não conseguir me entender não se culpe vou te contar um segredo: a maior parte do tempo nem mesmo eu me entendo.
Rory Rufino