quinta-feira, 15 de março de 2012

Devaneios

Hoje, diante do espelho, desviei meu olhar por um instante. Quando me foquei novamente não me reconheci no reflexo. Parece-me que uma década se passou. O menino que eu via se foi. Ficou o homem; apenas. Aos poucos me dei conta de que a infância se foi. Um súbito desespero apertou meu peito. Senti-me perdido, sem chão, só. Lembranças borbulharam em minha mente. Entendi que já não podia es...tar nesta condição: só. Agora penso em o que fazer? Já não há mais tempo para perder. Cada minuto vazio é desesperador, é precioso tempo que já não posso recuperar. Enquanto escrevo essas linhas minha vida passa e, ainda que tentando, não encontro sentido para ela. Vejo o rosto de um homem e a maturidade de um menino. Uma incoerência mais assombrosa que os maiores paradoxos da humanidade, pois acontece aqui, na minha mente. O que as pessoas esperam de mim? O que eu espero de mim? Sei de muitas coisas que quero, muitas que quis, mas que já não quero mais. Leio, releio Platão; seu mito de Aristófanes e, por mais ciência que eu conheça e estude, ainda sim acredito. Talvez eu queira acreditar.

Resta-me esperar que as decisões “certas” sejam tomadas. Que o chão volte aos meus pés, mas não me impeça de voar... e que, principalmente, o voo não seja solitário. Espero ansioso pelo dia em que a parte seccionada seja restituída ao seu lugar e que a felicidade despedaçada seja restaurada. Tudo como deveria ser.
Hoje, um menino no corpo de homem. Amanhã – espero – um homem no corpo de homem.
 

Josias Bravim


*Vi esse texto do meu amigo na rede social, e a identificação foi instantênea, tinha que mostrar isso pra vocês.

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